segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Falhanço do Movimento #NeverTrump (Parte 1)


A aceitação total de Trump pelo partido e movimento conservador nunca se afigurou fácil ou mesmo exequível, não tendo o candidato nomeado problemas em o admitir.



Inicialmente olhada com desconfiança e desprezo, a campanha do Trumpinator ”     foi vista depois como uma piada, distracção, fenómeno efémero ou, finalmente, como um voto de protesto de alguns sectores mais desalinhados da população, que seria a tempo incorporada na campanha do eventual vencedor (de preferência, Jeb Bush ou Marco Rubio).

Ora, acontece que, como na eleição de Ronald Reagan em 1980, os eleitores não seguiram a escolha das “elites” partidárias e, agora, terão de ser estas a adaptar-se à vontade popular. 



Tal, à partida, seria uma escolha óbvia, como ditam os factos e o bom senso.

Senão vejamos:

a. Donald Trump, superando todas as expectativas, bateu claramente todos os seus 16 (!) adversários primários, no que era considerado o grupo de candidatos mais capaz e mais forte de sempre, em termos de quantidade, elegibilidade ou currículo politico.

b. O candidato republicano não só ganhou em termos de delegados, como, esmagadoramente, em numero de votos, superando Ted Cruz, o seu adversário mais directo, em praticamente 4 milhões de votos.



c. Mesmo com a concorrência inusitada de 16 adversários , Donald Trump irá ser o nomeado republicano mais votado da história das primárias republicanas; o candidato venceu em todos os grupos etários, com eleitores ricos e pobres, com e sem grau universitário, evangélicos e liberais, e, também, em estados de todas as regiões dos EUA.

d. Donald Trump tem os apoiantes mais fiéis de que há memoria. Mesmo as candidaturas de Reagan ou Barry Goldwater (para relembrar os candidatos republicanos com fãs mais fiéis nos últimos 50 anos), não tiveram o mesmo nível de apoio e intensidade de apoio, como demonstram as exit polls ou     os estadios que Trump enche por onde quer que discurse. Ainda mais importante, é também  o candidato com mais apoio entre independentes, eleitores democratas e eleitores que nunca votaram.

e. Trump é o nomeado republicano porque seguiu o processo democrático eleitoral acordado pelo próprio partido. Mais, Donald Trump , como todos os candidatos,compremeteu-se por escrito a apoiar o vencedor das primárias, qualquer que este seja.

f. Como em todos os ciclos eleitorais, após renhidas e duras primárias, em que diferenças politicas e questões de carácter são debatidas ate se encontrar vencedor, as campanhas perdedoras unem-se em torno do vencedor, com vista bater o inimigo maior: o candidato do Partido Democrata. Depois de 8 anos de um dos piores presidentes da historia, o candidato democrata é HillaryClinton , o que significa um continuar de muitas politicas iniciadas pela Administração Obama que acentuaram os processes da actual decadência social, económica, militar cultural: nomeação de juízes activistas para o Supremo Tribunal de Justiça, continuação de politica de open borders e aumento da imigração ilegal ou continuação de politica de apaziguamento com os inimigos externos e extremismo islâmico, para citar alguns exemplos.



Ora, um conjunto de figuras proeminentes de certos meios intelectuais e políticos dentro do GOP continuam contra Trump: ao contrário do povo americano que elegeu Trump, não o apoiam publicamente; outros dizem que nunca votarão nele, posto que votarão em Hillary Clinton ou num terceiro candidato contra Hillary e Trump .



Quem são estas figuras e o que os motiva nesta senda odiosa contra o candidato do seu partido de sempre?

Para simplificar, veremos as 3 principais razoes dadas para não votar em Trump dadas pelos seus mais mediáticos representantes:

1. Os que afirmam que Trump não e um conservador: Speaker Paul Ryan, Governador Mitt Romney, Senador Ben Sasse, Glen Beck (Blaze), Erick Erickson (RedState ) Karl Rove e Ben Shapiro (ex Breitbart).

2. Grupo dos que afirmam que Trump não tem o temperamento para ser Presidente: Senador Lindsey Graham , Irmaos Koch, Charles krauthammer (FoxNews ) e Governador Jeb Bush .

3. Neoconservadores e internacionalistas republicanos: Bill Kristol (National Review), John Podhoretz (New York Post) e Robert Kagan.



Desmontemos as acusações acima lançadas sobre o candidato republicano e as razoes fundas das mesmas. 


1. “Trump não e conservador”: 

• Não nos iludamos, Trump não é um candidato conservador “puro”, ao estilo de um Ted Cruz, que teoricamente (como tudo que Cruz e...) risca muitos dos pontos de um moderno republicano que se diz tradicional. 

• Trump não é o conservador acima descrito, como não o foram ou são Mitt Romey, Paul Ryan e a esmagadora dos políticos republicanos que apoiam expansão dos serviços de saúde públicos obrigatórios, passagem de orçamentos públicos não balanceados ou o Estado dar dinheiros públicos a grandes grupos financeiros, como tem sido apanágio do GOP e da sua elite governativa e intelectual nas ultimas décadas, apesar de todas as campanhas eleitoras em contrário.

• Trump defende a aplicação da política fronteiriça e de imigração, o combate ao extremismo terrorista como ameaça à segurança nacional, defende a Segunda Emenda, acredita numa política de America First dentro de casa como em política externa, nomeação de juízes conservadores para o Supremo Tribunal de Justiça e acabar com Obamacare – haverá mais conservador que isto?

2. “Trump nao tem o temperamento para ser Presidente”: 

• Donald Trump não e um candidato usual de um grande partido: não fez a sua carreira e fortuna na política, não é um politíco profissional, com dezenas de consultantes que lhe explicam o que dizer e como falar, não segue os ditames do politicamente correcto e tem o dom para dizer o que a maioria pensa: e isso é uma das razoes do seu sucesso! 

• Ao contrario de políticos profissionais, Donald Trump teve grande sucesso na sua vida privada: construiu um império bilionário que cobre varias industrias e é há décadas uma das figuras mais reconhecidas nos EUA, empregador de dezenas de milhares de trabalhadores, autor de inúmeras publicações best-seller, estrela de televisão por direito próprio e pai de uma família alargada extremamente fiel e apoiante desta sua nova missão. 



• Trump conseguiu chegar ao topo numa das indústrias mais competitivas do mundo – a da construção em Manhattan – demonstrando durante toda a sua vida uma tenacidade sem limites, consegue traduzir a sua grande ambição em grandes projectos de sucesso, com ética de trabalho sem limites e faz por empregar, manter e liderar fieis trabalhadores e gestores para pôr os seus planos em prática. 

• Toda a vida, Donald Trump teve que lidar e negociar com competidores muito agressivos no seu ramo, grandes instituições de crédito, políticos, governadores, senadores e líderes mundiais – com uma taxa de sucesso invejável, como se vê pelo império que construiu e manteve. 

• Parece que hoje em dia ter o “carácter”correcto é ser politicamente correcto, comedido e ler muito bem discursos, como a maioria dos políticos modernos, que tornaram a política numa profissão e os cargos que ocupam num modo de vida e sustento.

• A cada dia, o mundo actual torna-se um local mais perigoso, enfrentando os EUA grandes desafios à  sua condição de potencia económica e militar; o eleitorado americano quer mudança e, principalmente, pretende que muitos dos problemas do pais que parecem endémicos (invasões militares sem fim, défice publico sem controlo, combate ao terrorismo, insegurança, etc.) sejam lidados por alguém com reais capacidades de liderança e com a coragem e o carácter para mudar o estado de lassidão e corrupção que grassa na classe politica moderna.




3. “Trump vai mudar a politica externa americana”: 

• Única parte do movimento #NeverTrump que tem razão de existir e que é o próprio candidato a reconhecer. 

• O maior choque do com as propostas de Trump é precisamente com a politica internacionalista seguida por todos os presidentes americanos nas últimas décadas, especialmente desde Bush 41, e que, baseada em princípios Wilsonianos, defende a expansão do poderio militar americano no Mundo e a implementação de democracias por via militar, em locais considerados vitais aos “interesses” americanos. 

• A politica acima, que teve na facção neoconservadora da Administrarão de George W. Bush o seu expoente máximo, é claramente repudiada por Trump, que, inclusivé, se mostrou contra as recentes excursões dos EUA no Iraque e Afeganistão, com o acordo da maioria do eleitorado republicano e democrata.


• Os neoconservadores republicanos e os wilsonianos democratas encontrarão em Hillary Clinton uma candidata em que podem contar para seguir as administrações Clinton, Bush 41 e 43 e Obama, quanto a politica externa. Trump é a opção dos realistas, que acreditam numa politica externa comedida que, mantendo forte poderio militar e que combate decisivamente as ameaças à segurança dos EUA, como Al Quaeda e ISIS, não apregoa o emprego do poderio militar americano pelo Mundo com outros fins que não sejam a neutralização de ameaças claras ao território americano.

(continua em post posterior) 


3 comentários:

  1. Uma coisa - deva haver algum problema com a formatação deste post (só deste, os outros estão bem), que parte do texto vai para cima das fotografias na coluna direita.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Miguel, tentei ajustar um pouco as margens mas ainda há partes do texto que aparecem fora das margens...

    O meu conhecimento do blogger ainda e limitado :)

    Espero que entretanto já de para ler e, já agora, saber a sua opinião acerca do mesmo.

    Um abraço!

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